sexta-feira, 24 de março de 2017

Frei Ricardo do Pilar: O Pintor Seiscentista do Rio de Janeiro

Frei Ricardo do Pilar natural de Colônia, irmão leigo do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, é um dos nossos primeiros pintores coloniais, já possui uma certa bibliografia. Desde Manuel de Araujo Porto Alegre (1841) ate Francisco Marques dos Santos (em 1938), o piedoso artista alemão encontrou muitos admiradores e alguns críticos. Infelizmente, porem, não houve até hoje quem se lembrasse de investigar suas obras, sendo que apenas se ocuparam em preconizar a tela de Nosso Senhor dos Martírios, no altar da bela sacristia do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.
Da mesma forma, durante dois longos seculos, não se fez qualquer tentativa no sentido de elucidar um pouco mais os raros elementos da humilde biografia do nosso Fra Angelico brasileiro. Assim, temos de nos limitar ainda as parcas linhas que nos deixou o cronista do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, transcritas, em 1773, para o novo Dietário, a p. 242, pelo monge carioca Frei Paulo da Conceição Ferreira de Andrade:
0 quinquagesimo segundo foi o Ir. Donado F. Ricardo do Pilar natural de Co-Ionia nos estados de Flandres. Este monge viveo nesta caza muitos annos sendo secular sempre recolhido, sempre mortificado, e penitente. Em premio dos sees muitos ser visos the derao o habito de converso, e professou em 24 de maio de 1695 sendo D. Abade o Pe. Me. Dor. Fr. Joao Monteiro. Nunca vestio camiza; e o seo sustento nestes ultimos annos não passava de huns mal guizados legumes; sustentando com a sua ração a hum prezo da cadeia com licença dos prelados; e com a mesma distribuia os seos provimentos pelos pobres, contentando-se com hum velho, e pobre habito para lhe cobrir as carnes; tinha muita docilidade de animo, clareza de entendimento, e possuia a lingua latina. Era insigne pintor, e o primor da sua arte ainda hoje se representa a nora vista nas veneraveis imagens do altar da sacristia, tecto da capela mor, e suas paredes e painel da portaria. Em 12 de fevereiro de 17o0 acabou este monge a penitente vida que fez nesta caza pelo espaso de trinta annos que nela viveo, sendo D. Abade o Pe. Me. Dos. Fr. Gabriel do Desterro". 

Santo Anselmo 
Capela-mor do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro


Além destas linhas, que não registram a data do nascimento nem o nome da família do biografado, o arquivo do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro ainda possui o precioso e inédito Catálogo dos Abades, que por diversas vezes se refere aos trabalhos de Frei Ricardo do Pilar. No mesmo arquivo ainda se conserva a sua carta de profissão monástica, documento de grande valor. De tôdas estas fontes, além da expressa afirmação do arquivista na apostila da carta de profissão, se depreende com absoluta certeza que Frei Ricardo do Pilar foi artista formado e pintor de profissão.
Sendo filho da antiga e histórica cidade de Colônia, a Roma alemã, parece certo que haja realizado a sua formação na própria cidade natal, que então possuia a sua já secular escola de pintura. Por muito tempo, inspirara-se essa escola na grandiosa herança artística de Bizáncio e dela vivera, até que, graças à influência dos grandes místicos alemães, começou a revelar característicos próprios. Em todos os painéis, o nosso pintor de Colônia deixou vestígios inconfundíveis de sua origem. Em Aparição de Nossa Senhora a São Bernardo, e no admirável Senhor dos Martírios, Frei Ricardo do Pilar reproduz com extraordinária fidelidade de ótimo discípulo, os traços comovedores do célebre Véu de Santa Verónica, uma das melhores obras da antiga Escola de Colônia, por muito tempo atribuída ao mestre Wilhelm de Colônia e ainda hoie existente na Pinacotéca de Munich. 

Bom Jesus dos martírios
Museu do Mosteiro de São Bento da Bahia

A última e melhor obra de Frei Ricardo do Pilar, entre as que ainda existem, foi o grandioso e bem sentido painel de Nosso Senhor dos Martírios, na sacristia do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Desta obra realizou ele, a seguir, nova reprodução de meio corpo, para o mosteiro de São Bento da Bahia.

A assinatura de Frei Ricardo do Pilar que abaixo reproduzimos, acha-se na sua carta de profissão, de 24 de maio de 1695.

Nenhum trabalho de Frei Ricardo do Pilar mostra o nome ou qualquer sinal de identificação do seu ilustre autor. Nada mais natural; pois na sua conhecida humildade seguiu esse pintor o costume e o espírito dos artistas da idade média. Cuidou de salientar apenas a sua obra, e não a sua pessoa; não buscava a glória do seu nome, e sim achava satisfação em representar a glória de Deus e dos Santos.

Carta de Profissão de Frei Ricardo do Pilar



Extraído do Livro Frei Ricardo do Pilar
Dom Clemente da Silva Nigra,OSB






  



domingo, 19 de março de 2017

Mosteiro de Nossa Senhora da Graça- Dependência do Mosteiro de São Bento da Bahia



Fundada em 1535, por Diogo Álvares, o Caramuru, a Ermida de Nossa Senhora da Graça é a igreja mais antiga da cidade do Salvador e o santuário mariano mais antigo do Brasil.
A primitiva igreja e terrenos adjacentes foram doados aos monges beneditinos por Catarina Paraguassu, em 16 de julho de 1586. No ano de 1645, foram erguidos o Mosteiro e o colégio, cujo Claustro se mantém até hoje.


O Mosteiro da Graça apresenta uma das formas mais primitivas da arquitetura beneditina no Brasil. O altar-mor da Igreja tem composição em estilo rococó e a pequena torre de terminação em meia laranja é reminiscência da técnica mossárabe. O templo e a sacristia contam com diversas obras de pintura do XVIII e XIX, e ainda muitas peças antigas de imaginária e mobiliário.
O conjunto de edifícios formado pela igreja e Mosteiro de Nossa Senhora da Graça, além de possuir um notável mérito arquitetônico, representa um importante marco da história da Cidade do Salvador, sendo o local onde foi celebrada a primeira missa da cidade e onde se desenvolveu o primeiro núcleo habitacional.

Além da celebração de missas e atendimento espiritual, a igreja de Nossa Senhora da Graça é muito procurada para a realização de casamentos, formaturas e celebrações especiais. 

sábado, 18 de março de 2017

Mosteiro de Nossa Senhora do Montserrat de Salvador-BA


 O primitivo santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat foi fundado pelos Senhores da Torre de Garcia d’Ávila por volta do ano de 1580, em data não precisa. Em 1598, a igreja foi doada aos monges beneditinos, pelo então Governador-geral, Francisco de Souza, sendo por eles reformada pouco mais tarde. Ao lado da ermida, construiu-se um pequeno mosteirinho entre os anos de 1650 e 1679. 


A igreja e o Mosteiro do Monte Serrat constituem um conjunto de notável mérito histórico e artístico da segunda metade do século XVII. O templo conta com um precioso conjunto de azulejos também do século XVII e o altar-mor é um belo exemplar de talha dourada do século XVIII, trazido do Mosteiro de São Bento.


O edifício do Mosteiro é modesto, porém, está situado em área de magnífica e singular paisagem. Sendo assim, é, não apenas um local propício para a oração, mas, também, para a contemplação da beleza natural do seu entorno. Da mesma forma como a Igreja da Graça, além da celebração de missas e atendimento espiritual, a igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat é muito procurada para a realização de casamentos, formaturas e celebrações especiais.

Documentário sobre o Mosteiro de São Bento da Bahia





Conheça a Igreja da Antiga Abadia de São Martinho de Tibães


Documentário da Tv Portuguesa mostrando a História e a Simbologia da arte da Igreja da Abadia de São Martinho de Tibães. Essa Abadia foi a casa mãe da Congregação Lusitana e fundadora do Mosteiro de São Bento da Bahia.



PAPEL E FUNÇÃO DO CLAUSTRO NA ARTE MONÁSTICA DE CONSTRUIR

Dom Emanuel d’Able do Amaral OSB


A tradição beneditina sempre esteve atenta à construção do espaço monástico, seja no seu aspecto físico, seja no seu clima espiritual. A Regra de São Bento, em diversas passagens, manifesta essa preocupação. Ela dá orientações seguras aos monges sobre o comportamento devido em certos ambientes extra-monásticos e insiste sobre a gravidade do comportamento em locais específicos. São Gregório Magno, no seu Segundo Livro dos Diálogos  (cf. capítulo XXII), narra que, numa ocasião, o próprio São Bento apareceu em sonho a dois monges, determinando como deveria ser a planta de certo mosteiro.
Quando refletimos sobre o papel e a função do claustro na arte de construir um mosteiro, temos que fazer algumas considerações sobre a história da arquitetura dos mosteiros e sobre alguns aspectos da espiritualidade medieval, concernente ao que chamamos de claustro.
 A palavra claustro vem do latim clássico do século XIII: claustra, claustrorum e, no neutro, claustrum, que quer dizer local fechado. Na RB a palavra claustra significava a clausura, de forma geral, e não especificamente o lugar do mosteiro que atualmente denominamos claustro. Sua origem está na antiga casa romana. Era o pátio central quadrado, às vezes ajardinado, e o centro para onde convergiam as demais dependências da casa. 
A partir do século VII, quando surgiram os primeiros mosteiros cristãos, esse pátio central, começou a ser usado nas edificações dos prédios religiosos. Era ao seu redor que se localizavam a igreja, a sacristia, a cozinha e os dormitórios.
Não devemos esquecer que em seguida à primeira destruição de Monte Cassino pelos lombardos, em 580, apenas 33 anos após a morte de São Bento, os monges fugiram para Roma, indo morar ao lado da Basílica de São João do Latrão. Foi nesse momento que o monaquismo beneditino fez sua primeira experiência urbana. Além disso, ao longo da Idade Média, muitas basílicas foram atendidas por monges beneditinos.
   Essa mudança para a cidade de Roma e a variação do próprio trabalho dos monges pois começaram com o serviço litúrgico nas basílicas, residindo ao lado das mesmas levou os mosteiros a serem influenciados pela arquitetura romana. 
A partir do século VII, essa arquitetura romana passou a ser acolhida pelos arquitetos beneditinos e foi levada a toda Europa, começando pela Inglaterra, através de São Wilfrido e São Bento Biscop.
  É a partir deste momento que o claustro se torna um local importante na vida de uma comunidade monástica. Era localizado, segundo a tradição, ao lado da igreja, tendo outras importantes dependências ao seu redor: refeitório, capítulo, biblioteca e sacristia. 
Após o período românico apareceram os claustros góticos, sobretudo no norte da Europa e nos mosteiros de tradição cisterciense. Nesse segundo momento, além dos claustros góticos, encontramos também mosteiros e catedrais góticas.
  Mais tarde, no período barroco, veremos mosteiros e claustros «barrocos», assim como claustros fechados com vidraças, nos países de clima rigorosamente frio. No início do século XX, houve uma nova tentativa de construir claustros, mosteiros e igrejas românicos ou neo-românicos. Nas últimas décadas, porém, muitos fizeram a opção pela arquitetura moderna.
Os claustros, entretanto, não foram de uso exclusivo dos monges. Foram também foram construídos ao lado de muitas catedrais européias, onde eram utilizados por aqueles sacerdotes que levavam vida em comum, como os cônegos e, mais tarde, pelos frades das ordens mendicantes.
  No início, algumas atividades eram realizadas nos claustros, pois ele era uma síntese da vida cotidiana dos monges: ler, rezar, buscar água (aí encontrava-se o lavatorium), fazer a tonsura e a barba, lavar e secar roupas, dentre outras atividades.
Porém, aos poucos os monges começaram a espiritualizar esse local eliminando dele qualquer outra atividade. É nesse momento que o claustro se torna um local de passagem para a igreja, e de passagem espiritual. É o local procurado pelos monges para uma preparação, antes de ingressarem no oratório para o ofício divino e onde permaneciam após o mesmo, continuando, por meio do silêncio, a saborear a Palavra celebrada em comum. Assim, escritores monásticos começaram a dar um sentido espiritual a esse local: para alguns, ele é uma prefiguração do céu (Honorius Augustodunensis, 1,149). Para o eremita Honório (1095-1135), em sua obra Gemma Animæ, o claustro, por estar próximo à igreja, poderia ser comparado ao Pórtico de Salomão, que ficava contíguo ao Templo (Ibidem, 1,48) e as árvores frutíferas de seu jardim poderiam ser comparadas aos livros das Escrituras (Ibidem, 1,49).
 Assim pensando, construir mosteiros sempre foi uma arte. Em nossos dias, construí-los também é um grande desafio. Como unir, portanto, a tradição da arquitetura beneditina com a «arquitetura moderna?  
Nossos antepassados nunca se fecharam diante do novo proposto pela arquitetura. Assim passaram do românico para o gótico; deste para o barroco, assim como outros estilos arquitetônicos. Porém, conservaram, através dos séculos, as tradições que podiam ajudar na vida espiritual e comunitária. A construção de um mosteiro beneditino ou cisterciense deve levar em conta, sobretudo, o uso que dele se fará, prevendo, principalmente, uma vida comunitária baseada no voto de estabilidade. 
Por conseguinte, é importante que os monges estejam abertos às novas formas da arquitetura contemporânea, e é ainda mais importante que os arquitetos que projetam os novos mosteiros conheçam a vida beneditina, assim como a história da arte de construir dos filhos de São Bento, devendo se realizar um «feliz encontro» entre tradição e modernidade.
Com certeza, em meio a um mundo barulhento, estressado e ativista, os claustros beneditinos expressam a necessidade de se voltar para o equilíbrio dos movimentos, tornando-se verdadeiros oásis de paz e espiritualidade. Eles continuarão sendo locais de passagem, isto é, ambientes privilegiados de repouso espiritual e de contemplação, criando harmonia entre os diversos estilos de construção, tais como igreja, capítulo, biblioteca e refeitório. O claustro, com seus elementos simbólicos, tende a harmonizar o homem com o seu interior, com seus irmãos de comunidade e com todos os homens e mulheres.
 As novas formas da arquitetura contemporânea podem e devem ser fiéis aos princípios básicos da tradição beneditina, no momento da construção de novos mosteiros. Daí encontrarmos belos exemplares, construídos nos últimos anos. Ademais, nunca devemos esquecer que os monges habitam durante toda a vida num mesmo mosteiro e, por essa razão, as construções monásticas devem ser pensadas como local de agradável convívio, harmonia e de significação vigorosa.  
Os claustros, nas novas construções, deverão ser preservados dos barulhos exteriores e do próprio mosteiro, gerando uma privacidade de escuta e oração. Ele só terá sua real função se a própria comunidade perceber o seu valor. É necessário, portanto, deixar-se abraçar pelo claustro e contemplar a natureza que ali existe, por mais que ela seja micro. Nada ali é por acaso. Tudo tem um significado implícito e tocante. O claustro é, por excelência, o local da lectio, meditatio, ruminatio e contemplatio.
 Em meio às diversas atividades monásticas, precisamos redescobrir o valor dos espaços sagrados e tranqüilizadores dos nossos mosteiros. Nunca poderemos esquecer, que um mosteiro sempre será a Domus Dei  (Casa de Deus). 
Sugiro, finalmente, que as comunidades, ao pretenderem construir novos mosteiros, sempre o façam constituindo uma equipe responsável para desenvolver, sob o alicerce da tradição e da história da arquitetura beneditina, espaços verdadeiramente sagrados, que antecipem, pela espiritualidade e beleza, o que desejamos viver na morada celeste. 

Dom Emanuel d’Able do Amaral é Arquiabade do Mosteiro de São Bento da Bahia.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Loci ubi Deus quæritur (Lugares onde se procura Deus)



Folheando o luxuoso álbum Loci ubi Deus quæritur (Lugares onde se procura Deus), publicado em 1999, deparei-me com um repertório amplamente ilustrado dos atuais mosteiros beneditinos no mundo. É de singular beleza a obra das mãos humanas, e são as miríades de luzes sobrenaturais, dons de Deus, que ornam a casa do altíssimo.
O monaquismo beneditino nasceu na Itália, com São Bento, no século VI da Era Cristã. Desde seus primórdios, os monges beneditinos sempre foram conhecidos por valorizarem a oração, o trabalho, mas também as artes. Desde as grandiosas Abadias aos Mosteiros mais simples e escondidos nas regiões montanhosas podemos perceber claramente a expressão de São Bento na Santa Regra “Para que em tudo seja Deus glorificado.”  (RB 57,9)
Foram selecionadas as quatro primeiras abadias fundadas pelos monges beneditinos no decorre dos anos de sua chegada as terras brasílicas.



Arquiabadia de São Sebastião da Bahia


Este Arquicenóbio do Brasil foi fundado pelo Capítulo Geral da Congregação Portuguesa, reunido na Abadia de São Martinho de Tibães em 13 de fevereiro de 1575, que aprovou a fundação de um mosteiro beneditino no Brasil, que, naquele tempo, era Colônia de Portugal. Escolheram a cidade da Bahia, capital da Colônia. Os primeiros monges portugueses chegaram à Bahia na Páscoa de 1582 e iniciaram a vida monástica no mesmo local do atual mosteiro, que é o primeiro mosteiro beneditino das Américas. Os principais trabalhos dos monges são: Pastoral Litúrgica e Atendimento Espiritual, Educação (Colégio com 570 alunos), Hospedaria (retiros), Setor Cultural com Museu e biblioteca aberta à comunidade universitária, Laboratório de Restauração de livros raros e as Edições São Bento, para difusão da espiritualidade monástica ou temas ligados à vida espiritual. Em 24 de novembro de 1998 o mosteiro foi elevado pela Santa Sé à categoria de Arquiabadia.


The first monastery of Brazil owes its existence to the General Chapter of the Portuguese Congregation which met at Tibães on February 13, 1575 and resolved to start a Benedictine monastery in Brazil, which at that time was a Portu¬guese colony. The city of Bahia, which was the capital city of the colony, was chosen as the site for the new foundation. The first Portuguese monks arrived in Bahia at Easter 1582 and began monastic life on the site where the present monastery still stands. Consequently, Bahia is the first Benedicti-ne monastery in all America. The principal occupations of the monks are: liturgical instruction, spiritual direction, education (junior high school with 570 pupils), guest house (retreats), cultural sector with a museum and a librar) which is used by the students of the University, a bookbinding workshop specialising in the restoration of rare books and the publishing house São Bento, which is engaged in the diffusion of monastic spirituality and themes connected with spiritual life. The Holy See raised the monastery to the rank of an archabbey on November 24/1998.


Abadia de São Bento de Olinda



O Mosteiro de São Bento de Olinda foi fundado em torno de 1585 pelos monges da Congregação Beneditina Portuguesa de Salvador de Bahia. Destruído pelo invasor holandês em 1630, após a liberação de Pernambuco em 1654, ele foi reconstruído no curso do século XVIII. A bela Igreja abacial de “baroco colonial” foi o coroamento desse trabalho. Apesar da Independência do Brasil e da ereção Beneditina Brasileira, o século XIX foi um século de desgraças para as Ordens Religiosas, às quais a legislação imperial, de inspiração rnaçonica proibia o recebimento de noviços. Quando a proclamação da República aboliu essa legislação a situação era desesperadora. A comunidade de Olinda tinha sido reduzida a um monge, o Abade. A Santa Sé pediu à Congregação Beneditina de Beuron, monges para o Brasil, que seriam dirigidos por Dom Gerard van Caloen, monge da ata belga de Maredsous. Nomeado Abade de Olinda, Gerard consegui restabelecer a vida monástica na anigga Abadia. As tarefas atuais do mosteiro são bastante diversas. A comunidade dirige um importante colégio misto de mais de mil alunos. Além disso, os monges exercem o ministério sacerdotal em quatro paróquias e em algumas comunidades nas, particularmente junto as monjas da Abadia de Senhora do Monte e as missionárias beneditinas de Outro trabalho importante é a assistência espiritual no santuário mariano do mosteiro. A comunidade fundou os mosteiros de Brasília em 1986 e o de Fortaleza em 1993. Em 1995, Brasília se tornou independente pela ereção a priorado conventual.




The monastery of São Bento of Olinda was founded around the
year 1585 by monks of the Portuguese Congregation of Salvador de Bahia. It was destroyed in 1630 by Dutch invaders, but after the liberation of Pernambuco in 1654, the monastery was restored and rebuilt in the course of the 18th century. The beautiful abbey church In the Baroque style of the Colonial Period is the crowning feature of this rebuilding. In spite of the fact that Brazil achieved independence and that a separate Benedictine Congregation was established in Brazil, the 19th century was a most unfortunate one for Religious Orders. An imperial law instigated by the Free Masons forbade the reception of novices. This law was abrogated with the establishment of the Republic but the situation was desperate. There was only one monk still living at Olinda, the abbot himself. The Holy See sent some monks from the Beuronese Congregation to Brazil under the leadership of Dom Gerad van Caloen, a monk of the Belgian Abbey of Maredsous. After he was made Abbot of Olinda, he succeeded in restoring monastic life to the venerable abbey. Today the community is involved in many different activities. It directs a coeducational school with over one thousand pupils. The pastoral commitment includes chaplaincies for convents of sisters, including the nuns of the Abbey of Our Lady of the Mountain and the Benedictine Missionary Sisters of Tutzing. Another important concern is the spiritual charge of the Marian sanctuary which situated in the monastery.The Abbey founded the monasteries of Brasília in 1986 and of Fortaleza in 1993. In 1995, Brasília was elevated to the rank of a conventual priory and became thereby independent.


Abadia de Nossa Senhora do Montserrat




O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro foi fundado em 1590 e tornou-se Abadia oito anos depois. Constituiu sem­pre um marco importante na história da cidade do Rio de Janeiro, tanto por suas atividades religiosas e culturais como por sua localização estratégica. Foi restaurado em 1904, juntamente com os demais mosteiros brasileiros, por monges da Congregação de Beuron. Recebeu o título de Abadia nullius (hoje Territorial) devido à Missão assumida em 1907 no antigo Território do Rio Branco, tendo sido este título renovado em 1948 por Pio XII, mesmo sem os ter­ritórios missionários. O Mosteiro de São Bento é um patrimônio artístico de in estimável valor, sendo sua igreja barroca considerada a mais bela e rica do Rio de Janeiro. A construção atual data dos séculos XVII-XVIII. Entre suas atividades está o Colégio São Bento (1200 alunos), fundado em 1858; a Escola Teológica da Congreção Beneditina do Brasil, afilia­da ao Ateneu de Santo Anselmo em Roma; uma Obra Social; as Edições Lumen Christi e uma hospedaria (Casa de Emaús), onde são pregados retiros para religiosos e leigos. Conta ainda com uma importante biblioteca de cerca de 140.000 volumes, dos quais muitas obras raras. A liturgia é solene, realizada parte em latim e com canto 
gre­goriano.



The monastery of St Benedict of Rio de Janeiro was founded in the year 1590 and was raised to the rank of an abbey eight years later. It had always great importance for the history of the city Rio de Janeiro for its religious and cultural activities as well as for its strategic situation in the centre of the city. It was restored in 1904 like the other Brazilian monasteries by the monks of the Congregation of Beuron. Since the Abbey took over the evangelization of the Rio Branco in 1907, it received the title of an "Abbatia nullius". The monastery of St Benedict constitutes a patrimony of in-estimable value, its baroque church being considered the most beautiful and decorated in Rio de Janeiro. The actual construction dates from the XVII - XVIII centuries. lts activities include the running of the college St Benedict (1200 pupils) which was founded in 1858; the Theological College of the Benedictine Congregation of Brasília, which is affiliated to the Pontifical Athenaeum of Sant'Anselmo in Rome; a social welfare Centre; the publishing house "Lumen Christi' and a guest house (House of Emmaus), which provides retreats for religious and lay people. There is also an important librar) which numbers about 140000 books, among which many rare volumes are to be found. The liturgy of the community is very solemn and uses, in part, Latin and Gregorian chant.

Abadia de Nossa Senhora da Assunção


Os beneditinos têm estado presentes em São Paulo desde 1598. Naquele ano, Dom Mauro Teixeira, da Bahia, recebeu o encargo de construir uma capela em honra de São Bento, no lugar chamado "Taba". Era neste local que o famoso chefe indio Tibiriçá havia mantido a sua residência. Esta capela, que passou a ser chamada Capela de São Bento, tornou-se abadia em 1653. Ela pertencia, como aliás todos os mosteiros do Brasil daquela época, à província da Congregação Beneditina Portuguesa.
A atual igreja, juntamente com o mosteiro e o colégio, for-mam um impressionante conjunto, o qual foi possível graças aos esforços do dinâmico Dom Abade Miguel Kruse. Este abade nasceu na Vestfália, em 1864, e faleceu no bra¬sil em 1929. Ele também fundou uma Faculdade de Filosofia e Literatura independente, que foi a pioneira dos estudos filosóficos no Brasil e que é hoje parte integrante da Universidade Católica de São Paulo.
Muito bem localizada no centro da cidade, próximo aliás de uma estação metropolitana ultra moderna, a Abadia da Assunção que é como realmente se chama o Mosteiro de São Bento, tem se desenvovido como um centro de devoção e de cultura cristãs. Essa influência é em grande parte devida ao trabalho educacional da comunidade no Colégio de São Bento, como também à sua excelente biblioteca e ao apostolado que se oferece a um grande número de habitantes da cidade. Estes, com efeito, se reúnem na igreja para a celebração da liturgia ou a ela acorrem para meditarem e orarem em silêncio.

Em virtude de algumas leis do séc. XIX, as quais foram passadas especialmente para obstaculizar as ordens religiosas, a recepção de noviços foi proibida. Isso ocasionou uma lenta extinção da vida religiosa. Quando o Brasil proclamou a república, 15 de novembro de 1889, a Igreja e o Estado se separaram. A nova situação política permitiu então o restabelecimento da Congregação Brasileira, a qual foi levada a efeito graças à resolução do abade geral Dom Domingos da Transfiguração Machado (1824-1908). Para isto também contribuiu a ajuda prestada pela Congregação de Beuron. O bispo e abade Dom Gerardo van Caloen (1853-1932) desempenhou um papel de liderança nesta restauração. Desde 22 de setembro de 1900, a solene celebração da liturgia ressoa novamente como um louvor a Deus e como súplica para a Igreja e para o país.






The Benedictines have been in São Paulo since 1598. At that time Frater Maurus Teixeira of Bahia was commissioned to build a chapei in honor of St. Benedict on the site called "Taba" where the residence of the famous Chief Tibiriça had stood. This chape! now called São Bento, became an Abbey in 1653. ft belonged  as did ali the monasteries in Brazil at that time  to the province of the Portuguese Benedictine Congregation.
The present Basílica together with the monastery and lhe college constitute an impressive building complex which was made possible through the efforts of the dynamic Abbot Dom Miguel Kruse who had been bom in Westphalia in 1864 and died in Brazil in 1929. He established an independent Faculty of Philosophy and Literature, which was the forerunner of Philosophical studies in Brazil and which is today an integral part of the Catholic University of São Paulo.
Conveniently located in the center of the city, near a highly modern underground railway station, the Abbey of the Assumption which is São Bento's proper name ha developed into a center for Christian devotion and cultur, This prestige is due largely to the Community's educati work in the Colégio de São Bento, to its remarkable librar), and to the pastoral ministry offered to the many city dwellers who flock to the Basilica for the solemn celebration of the Liturgy or quiet prayer and meditation.
By reasons of certain laws in the nineteenth century which were specifically obstructíve to religious ordens, the recep¬tion of novices was forbidden. This caused the slow extinction of religious life. When Brazil became a Republic on November 15, 1889, the Church and State were separated. This new political situation allowed for the reestablishrnent of the Brazilian Congregation, which was in fact carried ot by the resolute Abbot General Dom Domingos Trasfiguração Machado (1824-1908) with the effective of the Beuron Congregation. Abbot-Bishop Dom Gerad van Caloen (1853-1932) played a leading part in this restoration. Since September 22, 1900, the solemn celebration of the Liturgy resounds again as praise to God and supplication for Church and Fatherland.



terça-feira, 14 de março de 2017

Basílica Arquiabacial de São Sebastião

Um Monumento à Fé dos Baianos


Na Segunda metade do século XIX, foram acrescentadas à nave atual, a cúpula e a capela-mór. Já no século XX, 1982, a igreja do Mosteiro foi elevada a condição de Basílica Menor de São Sebastião pelo Papa João Paulo II
Em 1994, os edifícios do Mosteiro e da Basílica foram submetidos a uma completa e criteriosa restauração, sendo novamente entregues aos monges e à população da Cidade com todo o seu esplendor e simplicidade.


No coração da Cidade de Salvador, a Basílica Arquiabacial é um espaço sagrado, propício à oração, estando aberta a maior parte do dia para acolher todos os que desejam participar da celebração eucarística, acompanhada pelos tradicionais cantos gregorianos, e, ao longo do dia, cantar os Salmos junto com os monges durante os diversos momentos de oração.
A igreja do Mosteiro também é um lugar onde se pode, diáriamente, nos horários determinados, buscar o sacramento da Reconciliação e o aconselhamento espiritual. 

A Missa Conventual, às 10h da manhã de Domingo, é sempre celebrada com solenidade e com a participação de uma numerosa assembléia de fiéis.
A Basílica é bastante procurada para a realização de celebrações especiais como casamentos e formaturas, devido à sua beleza, importância histórica, cultural e religiosa.

ARMAS ECLESIAIS DA BASÍLICA DE SÃO SEBASTIÃO DA BAHIA



DESCRIÇÃO

Escudo: Partido de vermelho e de azul; sobre o campo vermelho, uma letra "P", terminada em Cruz; brocante sobre o centro da letra, duas flexas cruzadas, sendo tudo de prata; o campo de azul carregado com uma torre, de prata, com três andares, três janelas abertas, três ameias, portão aberto, sendo lavrada de preto a torre está assentada sobre um monte de verde e da sua porta desce um rio em direção da direita do campo. Em chefe, um sol de ouro.
Insignias: Duas chaves cruzadas, com palhetões para cima e para os flancos, laçadas por um cordel vermelho, com duas voltas cujas extremidades passam pelas manivelas das chaves e terminam em duas borlas, do mesmo esmalte. A chave com palhetão voltado para a dextra é de ouro e a chave oposta e de prata. Cobre as chaves um pavilhão basilical, com abas de vermelho e amarelo, forrado de verde, trazendo haste de ouro e, por remate, um globo azul cintado de ouro e encimado por uma cruzeta do mesmo metal.

COMENTÁRIO
A explicação do escudo basilical corresponde ao comentário do escudo da Abadia Beneditina de São Sebastião da Bahia. Ambos trazem as mesmas cores e figuras, com justificações iguais.

Salvador,6 de junho de 2006

Victor Hugo Carneiro Lopes

domingo, 12 de março de 2017

Museu São Bento


Fundado em 1582, o Mosteiro de São Bento testemunhou e participou da formação histórica e cultural da Cidade de Salvador. O registro desses mais de 434 anos foi preservado pelos monges beneditinos em uma das mais raras e antigas coleções artísticas e bibliográficas da América Latina.
No Museu de São Bento, instalado nas galerias superiores da Basílica de São Sebastião, está exposta uma mostra representativa de um acervo de mais de duas mil peças, entre quadros, porcelanas, cristais, ourivesaria, mobiliário, paramentos, além de 223 unidades de imaginária.
O acervo foi selecionado tendo em vista o caráter didático da visita, onde os visitantes podem elaborar uma breve síntese da história da arte no Brasil, seus períodos e seus estilos. Para tanto, dentre todo o universo das obras pertencentes ao acervo do Mosteiro, foram escolhidas as mais representativas dentro do estilo e das características de cada período histórico.
Tudo foi ordenado de modo a traçar um perfil evolutivo da nossa arte desde o século XVI, passando pelos séculos XVII, XVIII, XIX e XX. São obras de autores anônimos e populares, de artistas renomados com José Joaquim da Rocha, fundador da Escola Baiana de Pintura.


O Mosteiro de São Bento da Bahia fundado em 1582 pelos Monges advindos da Abadia de São Martinho de Tibães em Portugal é o primeiro mosteiro de todas as Américas. Em seu interior o mosteiro guarda um precioso acervo composto de imaginária, pinacoteca, ourivesaria e mobiliário. O visitante pode apreciar parte desse rico acervo no espaço do Museu do mosteiro.